sábado, 24 de março de 2018

                                            NOSSAS CULPAS
                            Resultado de imagem para IMAGENS DE MORTO NO MEIO DA RUA
                  A CORRUPÇÃO E O EGOÍSMO GERAM VIOLÊNCIA
    Vivemos assustados.
    Clamamos pela violência zero como forma de inibir a delinquência.
    Gradeamos as nossas casas e mantemos nossos filhos presos aos jogos televisivos. Perdemos o direito de ir e vir.
    Nos acovardamos frente a corruptos que ocupam cargos eletivos porque não queremos problemas e ficamos esperando que um super homem apareça para afastar da vida pública os condenados por prática de improbidade.
    Os tribunais de justiça demoram em demasia a julgar os recursos destes condenados e, de forma indireta, participam da deterioração da vida pública brasileira. O mau exemplo é dado aos jovens que começam a se questionar se o crime compensa.
    Resultado de tudo isto é perder o direito de ir e vir.
    E por conta da impunidade perdemos o direito de ir e vir.
    Pagamos o preço da substituição da fraternidade pelo egoísmo.
    Trocamos o bom gosto pelo exibicionismo, a beleza pela utilidade, a cultura pela riqueza. Só nos interessa o triunfo do materialismo e da ciência.
    Nos importamos muito pouco com a religião e a arte. Arte que desintegramos em manias e maneirismos. Prestigiamos mais um corrupto endinheirado do que um trabalhador honesto.
     Buscamos a riqueza pela riqueza e nos esquecemos que a riqueza vem e a paz se vai. O corpo prospera, mas a alma decai porque a riqueza pela riqueza equivale a perca da honra e do senso de beleza.
      Nos transformamos em amontoadores de coisas, nos ocupamos, primordialmente, em transferir dinheiro alheio para o nosso bolso.
     Vivemos assustados. Clamamos pela tolerância zero.
     Pregamos ética, mas só praticamos a ética que nos é conveniente.
     Condenamos o egoísmo alheio e nos esquecemos de que a amizade suplanta a filosofia e as crianças nos tocam a alma com música mais profunda que todas as sinfonias.
     Um dia descobriremos que os homens não são máquinas.
     Neste dia não mais viveremos assustados, não mais clamaremos por tolerância zero. E transformaremos as grades das nossas casas em balanços onde crianças risonhas sentirão a brisa da tarde num parque de diversão, livres de qualquer medo. E prezaremos mais o aperfeiçoamento da vida do que a vitória na vida.
      Se hoje as nossas cidades não possuem alma, amanhã seremos nós que não mais teremos alma.
      Troquemos a nossa montanha de egoísmo, a nossa fraternidade de vitrine, por um grão de humildade, por um pingo de amor ao próximo.
      É hora de começarmos a reconciliação maior.
      E esta reconciliação começa dentro de nós mesmos.
         Inácio Augusto de Almeida

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