domingo, 19 de fevereiro de 2017

                                                              CRÔNICA DO DOMINGO
                                               Resultado de imagem para imagens de crianças brincando e conversando nos parques                                  QUANDO VOLTAREMOS A TER ESTA TRANQUILIDADE?

                                         NOSSAS CULPAS
            Vivemos assustados. Clamamos pela tolerância zero como forma de inibir a delinquência.  Gradeamos as nossas casas e mantemos nossos filhos presos aos jogos televisivos.
            Perdemos o direito de ir e vir.
            Pagamos o preço da substituição da fraternidade pelo egoísmo.
            Trocamos o bom gosto pelo exibicionismo, a beleza pela utilidade, a cultura pela riqueza. Só nos interessa o triunfo do materialismo e da ciência. Nos importamos muito pouco com a religião e a arte.
            Arte que desintegramos em manias e maneirismos.
            Buscamos a riqueza pela riqueza e nos esquecemos que a riqueza vem e a paz se vai. O corpo prospera mas a alma decai. Porque a riqueza pela riqueza equivale a perda da honra, do senso de beleza.
           Nos transformamos em amontoadores de coisas e nos ocupamos primordialmente em transferir dinheiro alheio para o nosso bolso.
           Vivemos assustados. Clamamos pela tolerância zero.
           Pregamos ética, mas só praticamos a ética que nos é conveniente.
          Condenamos o egoísmo alheio e nos esquecemos de que a amizade suplanta a filosofia, e as crianças nos tocam a alma com a música mais profunda que todas as sinfonias.
          Um dia descobriremos que os homens não são máquinas.
          Neste dia, não mais viveremos assustados, não mais clamaremos por tolerância zero.
          E transformaremos as grades de nossas casas em balanços, onde as crianças risonhas sentirão a brisa da tarde num parque de diversão, livres de qualquer medo.
          E prezaremos mais o aperfeiçoamento da vida do que a vitória na vida.
          Se hoje as nossas cidades já não possuem alma, amanhã seremos nós que também não mais teremos alma.
         Troquemos a nossa montanha de egoísmo, a nossa fraternidade de vitrine, por um grão de humildade, por um pingo de amor ao próximo.
         Já é hora de começarmos a reconciliação maior, única maneira de acabarmos com a violência.
         E esta reconciliação plena começa dentro de nós mesmos.
                       Inácio Augusto de Almeida

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